Toque, Corpo e Afeto

Nós ao nascermos somos totalmente dependentes do cuidado de outro humano para sobrevivermos. Também chegamos em um ambiente totalmente novo, cheio de estímulos como barulhos, luzes, cheiros, sem contar com outras sensações “estranhas” de ter fome, as vezes dores abdominais e por aí vai. É nessa fase, onde tudo é sentido intensamente, que o bebê precisa da mãe-ambiente para garantir sua passagem por esse momento da maneira mais acolhedora e amorosa possível.

O olhar da mãe, a voz e principalmente o toque são essenciais para o contato primário, prelúdio à comunicação verbal. “A pele é o mais extenso órgão dos sentidos do corpo e o sistema tátil o primeiro sistema sensorial a se tornar funcional” (Sacharny, 2012). O contato tátil está envolvido não só no crescimento e desenvolvimento das funções orgânicas como também comportamental, emocional, já que a função psíquica vai se apoiar e se desenvolver a partir da vivência corporal. (Winnicott, 2001). No entanto, o seu crescimento e desenvolvimento continuam no decorrer da vida e o desenvolvimento da sua sensibilidade depende do tipo de estimulação ambiental recebida.

Os bebês sentem o mundo pela pele, através da experiência do toque vão percebendo o cuidado materno. Os contatos afetivos são essenciais nos primeiros meses de vida. Os bebês que são tocados e acariciados desde o princípio da vida, têm maior facilidade em se comunicar, se aproximar e se relacionar com outras pessoas. Miriam Dascal em seu artigo “Da pele para fora, da pele para dentro” escreveu que a pele é o mais antigo e sensível de nossos órgãos, uma roupagem contínua e flexível, envolve-nos por completo, é o nosso invólucro. A pele delimita territórios, o que é de fora, o que é de dentro, interface entre o ambiente interno e o ambiente externo.

A Massagem Biodinâmica, em toda sua variedade de técnicas e toques, pode ser uma das vias para o restabelecimento da comunicação tátil primária insuficiente. Assim, contribuir para a reparação dessas falhas ambientais (interno/externo) e para a retomada do desenvolvimento emocional do paciente em processo terapêutico. Com um toque um toque sutil, integrativo e nos convida a uma experiência ontológica, permitindo que a pessoa massageada entre em contato com suas sensações e história registrada em seu corpo.

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